Na passada sexta-feira, ao chegar à Sociedade, não tinha ideia de que iria ter uma interessante conversa com um outro sócio da nossa casa. O Sócio tinha chegado naquele momento de uma outra colectividade onde se tinha realizado uma Assembleia Geral e não tinha sido possível preencher os cargos para uma nova direcção. Por essa razão estava ainda a pensar nas possíveis causas do afastamento, cada vez mais acentuado, dos sócios em relação às Colectividades (todas elas).
Abordamos diversas questões e quero partilhar convosco o "sumo"dessa conversa.
Assim sendo considero que existem uma quantidade de factores, alguns deles muito interessantes, que podem contribuir para o avolumar desta questão.
Individualismo: Vivemos num mundo cada vez mais individualizado. É dada primazia à realização pessoal em detrimento da contribuição colectiva. As crianças são educadas segundo o principio de terem de ser as melhores em alguma coisa, não sendo suficiente, para muitos, participar apenas.
Exposição: Chegamos ao extremo no que se refere à capacidade de exposição de cada um. Se por um lado assistimos a uma escalada no número de individuos que se expõem, pelo menos fisicamente, sem pudor algum, por outro são cada vez mais as pessoas que se fecham sobre sí mesmas. A exposição intelectual atinge nos dias de hoje, e dentro do grupo dos Portugueses padrão, uma nível baixíssimo. Salvo raras excepções não temos quem discuta outros temas a não ser futebol e novelas. Penso que isto deriva da "vergonha" de admitir que não temos conhecimentos suficientes sobre algo. Deixo duas questões:
Há quanto tempo não conversam com alguém sobre um tema que realmente vos afecte o dia a dia? (não conto com livros e especialmente filmes).
As conversas mais interessantes que tiveram foi com alguém que sabia mais ou menos que vós sobre um qualquer tema?
Cultura: O nosso conhecimento do que nos rodeia é incrivelmente baixo. Parece até que o nível de conhecimento é inversamente proporcional à quantidade de informação disponível! Estamos TV dependentes, PC dependentes e NET dependentes e mesmo assim não conseguimos, pelo menos a maior parte de nós, indicar a capital de cada um dos distritos de Portugal.
Medo da responsabilidade: O acto de assumir responsabilidades perante os outros está cada vez mais dificil, por isso os jovens saem de casa aos 30, casam-se aos 35, têm filhos aos 40, etc.
Indicamos que é preciso estabilizar a vida, ganhar algum dinheiro...e os nossos pais seriam irresponsáveis?! Começaram a trabalhar ainda miúdos, não tiveram acesso a metade da informação que temos e na maior parte dos casos não tiveram muita formação. Contudo, criaram-nos e educaram-nos enquanto participavam no momento moderno de maiores transformações no nosso país, e mesmo assim trabalharam nas direcções de colectividades e encheram as suas salas.
Depois disto os argumentos habituais do "não tenho disponibilidade" e "a minha vida não me permite" parecem ridiculos não parecem?
Serão estes os problemas?
Quais as soluções?
Agradeço que quem ler deixe a sua opinião. Gostava de conseguir provocar uma troca de ideias com um tema não polémico!